quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Caderno Pampa :: 24 de janeiro de 2014 :: Edição 304


domingo, 26 de janeiro de 2014

ESPECIAL VOLTA ÀS AULAS

Organize sua rotina... estamos às vésperas do retorno para o período escolar!
Depois do descanso das férias, as aulas estão prestes a começar e é chegada a hora de começar a se preparar

A Psicóloga Sílvia Vargas destaca algumas dicas
Quem disse que mesmo durante as férias um pouco de rotina e organização não fazem bem? Principalmente, se o período de recesso escolar estiver caminhando para o final e chegar a hora de começar a pensar na preparação das crianças e adolescentes para o retorno às aulas. Ainda que, em geral, a rotina das famílias sofra várias alterações no período de férias, é importante que ao menos nas semanas que antecedem o retorno às aulas, os hábitos e a rotina sejam retornados a normalidade, principalmente quanto aos horários de sono e alimentação.

A Psicóloga Sílvia Vargas destaca ainda que ao longo das férias, em especial para crianças que estão nas séries inicias, é aconselhável que pequenos hábitos e rotinas vinculados ao aprendizado sejam cultivados. Como sugestão pode-se motivar a criança a escrever o diário das férias e à moda antiga, nada de tablet nessa hora. Para isso, eles podem utilizar uma caderneta, agenda, caderninho, usando canetas e lápis. Eles podem, ainda, lustrar o diário. Já os menores, da educação infantil, podem contar suas férias desenhando. Todos os dias, um pouquinho a cada dia, como se criassem um livrinho.

“Os livros de história devem fazer parte do cotidiano das férias, seja em casa ou nos passeios e viagens, podem estar dentro do carro e ou junto com os brinquedos e jogos prediletos para que as crianças possam vinculá-los com diversão e não como obrigação. Nada de dizer: “para de brincar que agora é hora de ler um pouquinho”, como se ler fosse penitência. Nada disso, a escrita do diário, os desenhos, a leitura, devem ser tratados como parte da diversão das férias”, destaca Sílvia.

Outra recomendação da Psicóloga é que na proximidade do início das aulas os pais devem mostrar-se animados, empolgados com o retorno a escola, promovendo a curiosidade quanto à nova professora, o interesse por novos colegas, lembrar o quanto aprenderam e evoluíram no ano anterior e despertar expectativas quanto ao que aprenderão neste ano. É hora também de reorganizar o material escolar, separando o que pode ser reaproveitado e, também, usando a oportunidade para colocar em práticas as lições de matemática, quando for chegada a hora de ir às compras.

“Os pais precisam policiar-se para não “reclamar” na frente dos filhos quanto ao final das férias ou como o período passou rápido ou, ainda, que já irá recomeçar a correria  e a função de levar as crianças para a escola. Ter em mente que as crianças são como “esponjas”, que repetem nossas falas e nossos comportamentos. Se nos mostramos animados e felizes com o retorno, motivados por cumprir com nossos compromissos será muito mais simples, mais fácil de readaptá-los ao novo ano letivo. É importante deletar a palavra obrigação e ensinar a criança que a vida é feita de compromissos, nós temos os nosso e eles também tem os deles, que iniciam com a escola”, conclui Sílvia.

LUTO - a dor da perda

PASSADO UM ANO DA TRAGÉDIA DE SANTA MARIA, COMPARTILHO ESTE  TEXTO PUBLICADO NA REVISTA FEEDBACK  EM 2013.  



domingo, 30 de junho de 2013

CADERNO PAMPA :: 29 DE JUNHO :: EDIÇÃO 290



EDUCAÇÃO


Não ceda à preguiça e, vamos para a escola 
Nos dias mais frios, a vontade de ficar na cama pode até ser grande, mas não maior que a disposição para o colégio

Sílvia destaca o exemplo da família como uma maneira de evitar que as crianças queiram fugir de seus compromissos

O despertador toca, é hora de ir para a escola. Do lado de fora dos cobertores, as temperaturas baixas tornam a cama ainda mais atrativa e, está formado o dilema: como não sucumbir a preguiça e levantar com disposição para ir à escola? A psicóloga Sílvia Vargas explica que um bom começo é encarar a escola como um compromisso e não como uma obrigação e, que os pais devem evidenciar que cumprir compromissos faz parte da rotina de todas as pessoas e que isso implica em ganhos reais, como conviver com o grupo, estar presente quando as coisas estão acontecendo, estar informado, qualificar o aprendizado e ter bons momentos com os colegas e amigos. Ainda, se mesmo assim, a preguiça apertar a dica da psicóloga é buscar formas lúdicas de agir contra o frio.
“Construir rituais como "brincar de aquecer a roupinha/uniforme" colocando-a embaixo do cobertor por um tempinho antes de vestir, por exemplo. Utilizar cantigas e músicas conhecidas, trocar seus versos ou letra por outros que brinquem com a situação, que motivem e sejam inspiradores. Ensinar a criança que "ela é muito mais forte que o frio, que ela é corajosa e valente" e que "esse friozinho de nada" não vai impedi-la de ir a escola que ela gosta tanto. Desafiar!! E mostrá-la capaz, vencedora!!”, ensina Sílvia.

Neste processo o exemplo dado pela família é fundamental. Se a criança vê os pais reclamando de ir ao trabalho ou a qualquer outro compromisso por conta do frio, tendem a repetir o gesto.
“Se, de outra forma, eu não reclamo ou fico exaltando o frio, cumpro com as minhas atividades cotidianas e nas minhas falas elas seguem sendo ditas como boas, importantes e prazerosas, independente do clima, a criança e mais tarde o adolescente, agirá assim. Ele cumprirá seus compromissos e aprenderá a encontrar até coisas boas nos dias de frio, nem que seja desenhar no vidro embaçado pela respiração... quem nunca fez isso??”, questiona.

sexta-feira, 8 de março de 2013

DEPRESSÃO - Novas descobertas neurocientíficas



imagem da internet


Mudança no "hardware" do cérebro só terão benefícios se houver uma mudança no "software", na mente do paciente, algo que não é suprido pelos antidepressivos, só podendo ser alcançado mediante a prática, psicoterapia ou terapias de reabilitação.[Imagem: Neuroscience Center/University of Helsinki]



Cérebro e Mente
Os médicos precisam reconsiderar a forma como estão prescrevendo antidepressivos.
Os estudos mais recentes vêm mostrando que os antidepressivos restauram a capacidade de determinadas áreas do cérebro a fim de contornar rotas neurais cujo funcionamento não está normal.
Mas essa mudança no "hardware" do cérebro só trará benefícios se houver uma mudança no "software" - na mentedo paciente - algo que não é suprido pelos antidepressivos, só podendo ser alcançado mediante a prática,psicoterapia ou terapias de reabilitação.
O alerta contundente está sendo feito pelo renomado neurocientista Eero Castrén, da Universidade de Helsinque (Finlândia).
Plasticidade cerebral

Trata-se de uma posição surpreendentemente franca, principalmente vinda de um neurocientista respeitado mundialmente.
Afinal, milhões de pessoas em todo o mundo tomam antidepressivos seguindo receitas de seus médicos, e as empresas farmacêuticas têm faturado bilhões de dólares vendendo essas drogas.
Será então que um sistema tão amplamente aceito poderia estar totalmente errado?
É exatamente isso que mostram estudos recentes na área.
Pesquisas em modelos animais demonstram que os antidepressivos não são uma cura por si sós.
Em vez disso, o seu papel é o de restaurar a plasticidade no cérebro adulto.
Os antidepressivos reabrem uma janela da plasticidade cerebral, que permite a formação e a adaptação de conexões cerebrais através de atividades específicas e observações do próprio paciente, de forma semelhante a uma criança cujo cérebro se desenvolve em resposta a estímulos ambientais.
Reconectando as ligações do cérebro
Quando a plasticidade cerebral é reaberta, problemas causados por "falsas conexões" no cérebro podem ser tratadas - por exemplo, fobias, ansiedade, depressão etc.
A equipe do Dr. Castrén mostrou que os antidepressivos sozinhos não surtem efeitos para esses problemas, enquanto a psicoterapia sozinha obtém resultados de curta duração. Quando antidepressivos e psicoterapia são combinados, por outro lado, obtém-se resultados de longa duração.
"Simplesmente tomar antidepressivos não é o bastante. Nós precisamos também mostrar ao cérebro quais são as conexões desejadas," disse o pesquisador.
A necessidade de terapia e tratamento medicamentoso também pode explicar porque os antidepressivos às vezes não têm efeito. Se o ambiente e a situação do paciente permanecerem inalterados, a droga não tem capacidade para induzir mudanças no cérebro, e o paciente não se sente melhor.
O estudo de Castrén chamou a atenção das autoridades de saúde europeias, que lhe derem um financiamento de €2,5 milhões para detalhar suas descobertas.




Quando o sofrimento contamina -

Jornal Minuano - Caderno de SAÚDE
por: Gladimir Aguzzi
 
[23H:13MIN] 05/02/2013 - SAÚDE
Quando o sofrimento contamina
Antes de mergulhar na compreensão e na busca do caminho para o alívio da perda,...
 
Cláudio Falcão
 

buscamos compreender fenômenos de uma tragédia que ultrapassou qualquer possibilidade de individualização e que mexe com todos, sem distinção. Ou seja, poderia ter acontecido com qualquer um, em qualquer cidade e esse sentimento bagunça, perturba ainda que momentaneamente a pseudotranquilidade de que tudo está bem. E devolve o ser humano à dura realidade de que a existência é muito frágil.

Além da tragédia pessoal
- É preciso ter muito cuidado com o que se diz e o que se escreve numa hora dessas. É um caso que transpôs em muito a dimensão da tragédia pessoal, individual, familiar. Tomou conotações de comoção pública. Esse conceito de comoção pública é muito atual porque nós vivemos na sociedade da informação. Quantas catástrofes a humanidade viveu e que tomávamos conhecimento uma semana depois pelo jornal que chegava a nossa cidade? Hoje se presencia pela internet catástrofes de grandes dimensões, como tsunami na Indonésia, terremoto no Haiti, grandes acidentes de aviação... É algo bastante complexo. Esse caráter de comoção pública transpõe em muito o aspecto doloroso da perda pessoal, familiar, individual.
- Delvo Oliveira, médico psiquiatra

O ciclo da vida invertido
- As mortes súbitas ou acidentais de crianças e jovens carregam o peso de inverter a ordem natural da vida. Creio que não exista quem nunca ouviu falar que a pior dor que se pode sentir é a de enterrar um filho. O súbito e inesperado invertendo o ciclo natural da vida de todo um coletivo de forma estúpida e abrupta. Como colocou muito bem Martha Medeiros: quem não é mãe sofre e quem é mãe, se arrebenta. Por quê? Porque passamos a pensar como sentiríamos e reagiríamos se fosse com alguém próximo a nós. Este funcionamento, a partir de desencadeado, foi se multiplicando no mesmo índice absurdo que aumentava o número de mortos. Sua intensidade foi crescendo de acordo com a capacidade de empatia (estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que esta está sentindo) de cada um e dos links diversos que cada um também fazia, além de filhos, universidades, festas, juventude, namoro, família, vida profissional, autoridades, descaso, incompetências, ganância, poder público, irresponsabilidades...
- Sílvia Vargas, psicóloga clínica
"O súbito e inesperado invertendo o ciclo natural da vida"

O que fazer....
Passado o momento em que as más notícias foram dadas, o principal vem agora. É a etapa do impacto da falta do ente querido em casa, da retomada normal do cotidiano da vida desta comunidade, com todas as dores e lembranças que isto pode trazer.
É o tratamento de stress pós-traumático e esse tratamento pode durar meses e até anos, dependendo da forma de reagir de cada um. É essa a análise dos dois profissionais convidados para explicar o que fazer com a dor.
Um choque da envergadura do acontecido em Santa Maria, além das implicações previsíveis no psiquismo humano pela morte de alguém querido, tem o poder de desorganizar ou atingir a vida em um aspecto global. Ou seja, algumas pessoas vão passar por fases emocionais como a negação, a revolta, a tristeza profunda e a busca por significado em tudo isso. Outros irão se deprimir, é preciso compreender, inclusive, que algumas pessoas jamais irão se recuperar. Tudo isso altera a forma da pessoa se comunicar, alimentar-se, divertir-se, trabalhar, a qualidade de seu sono entre tantas outras áreas da vida que poderão sofrer complicações.

Para não deixar dentro
- Falar de ou em morte ainda é muito, muito difícil. Muitos ainda acreditam que é algo para sentir, não para falar. Engano. Há que ter pessoas para escutar, escutar sem se cansar, escutar sem opinar, escutar para auxiliar. Pois, para quem viveu esta dor é preciso falar muito, falar tudo, por para fora, chorar e falar e chorar e falar, para esgotar, para não deixar dentro o que deve voltar para fora, abrindo espaço para que aos pouquinhos possa caminhar na busca de se preencher mais uma vez com o bom, mesmo que seja com o que for bom de lembrar.

Como retomar à vida
O psiquiatra Delvo Oliveira chama a atenção para a comoção coletiva e à dimensão do tratamento.
- Ouvir, amparar, prover um suporte psicológico, que não é a mesma coisa que atender no consultório, não é a mesma coisa que uma psicoterapia, é um atendimento emergencial e que exige a organização em dimensão coletiva. Não é atender a crise da perda de um indivíduo num acidente de carro, que também é doloroso. Mas nesse caso, trata-se de uma comoção coletiva, de uma amplitude que só se vivencia hoje, porque vivemos na sociedade da informação.
O trabalho é multidisciplinar. Tem que pegar o campo da Sociologia, Psicologia, Medicina. Conhecimentos que têm de se cruzar, porque um só não vai dar conta. Aquela comunidade inteira de Santa Maria vai precisar de um trabalho de reparação. Necessariamente, a vida vai continuar, mas se alterarão as responsabilidades de todos. É claro que muitas pessoas, não é possível afirmar, deverão precisar de suporte psicológico, suporte médico, medicamentoso, durante muito tempo. Um trabalho de apoio para que consiga elaborar sua dor, sua perda. Mas, tem os dois lados. Tem o aspecto emergencial, que é o cuidado agora, e depois o acompanhamento, o tratamento ao longo do tempo.
Neste panorama a equipe de trabalho tem de ser multidisciplinar: médico de família, psiquiatra, assistente social, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo, todos no mesmo projeto de compreender estes sinais e favorecer para que a fase de adaptação ao pós-trauma traga o menor dano possível à saúde das pessoas.
Ouvir é muito importante. A pessoa precisa expressar a sua dor, a sua indignação, chorar, dizer o que está sentindo diante de alguém que dê suporte para isso.

Intensidade
- Poderíamos saber lidar com morte por acidente de automóvel, mas, por exemplo, quando cai um avião com 300 pessoas? É outra situação, é outra dimensão. E não dá para fragmentar com “ah, bom, cada um cuida do seu morto e do seu luto”. Não é a mesma coisa. Existe uma distinção entre a comoção pessoal e uma comoção pública. O ambiente, o clima vivido em Santa Maria, é distinto de toda a comoção que nos atinge aqui em Bagé e no restante do RS. As pessoas de lá estão vivenciando com uma intensidade, com uma perplexidade, com o sentimento do absurdo bem maior que nós aqui, que também estamos. Imagina a carga de tensão, de angústia, de sofrimento, de estupefação. Foi algo tão absurdo que a primeira reação das pessoas é ficarem estupefatas. (Delvo Oliveira)
"Imagina a carga de tensão, de angústia, de sofrimento, de estupefação"

O papel de cada um
Os profissionais da área destacam que a abordagem psicológica envolve principalmente proporcionar ao sujeito um espaço adequado e seguro para a livre expressão de seus sentimentos, experiências, emoções como revolta, culpa, desespero, saudade, tristeza, o que for. Com o passar do tempo essa livre expressão vai dando lugar a resignificações e a adaptação à mudança que o trauma em si impôs às condições de vida. Essas abordagens do pós-trauma podem ser individuais ou em grupos de apoio e ajuda mútua. Estes trabalhos em grupo são muito eficazes nesses casos, pois as pessoas sentem-se confortadas de alguma forma pelo simples fato de saberem que não estão passando por isso tudo sozinhas. Nessa hora a rede de solidariedade que se estabelece pelo despertar da empatia tem um papel preponderante.
Será muito importante para todos entender o que aconteceu em todas as dimensões possíveis.

A solidariedade e a busca do alívio
- Soma-se o fato de que a memória da dor é extremamente intensa e marcante. Desta forma, uma vez que eu já tenha passado por uma perda, tenho em mim o registro desta dor, quando vejo ou ouço falar sobre morte, aciono esta memória, revivo esta dor e torno a ter necessidade de falar. Isso ocorreu de forma intensificada ao longo da semana passada, tendo sido assunto recorrente, em grupos, redes sociais, consultório e todo tipo de reunião de pessoas, o que nada mais é do que uma tentativa de se solidarizar e aliviar-se desta dor, seja ela imaginada, sentida ou revivida. O tempo e a intensidade se dão de forma proporcional à proximidade que o indivíduo tem com a situação de fato.
Não sei por quanto tempo este assunto estará em evidência, mas sei que esta ferida não cicatrizará em muitos corações. (Sílvia Vargas)

Cuidados quando a dor do luto se torna insuportável
***
- Evitar o isolamento.
- Falar sobre seus sentimentos.
- Não julgue que sua dor irá incomodar ou chatear os outros, compartilhe-a com quem se importa com você e quer ajudá-lo.
- Tente fazer atividades que o distraiam, mesmo que por breves momentos, tire o foco do mesmo pensamento sempre que conseguir.
- Respeite seus sentimentos, não tente aparentar forte ou equilibrado, vivenciar cada fase como elas se apresentam favorece a elaboração do luto.
- Se a questão espiritual faz sentido para você procure por este tipo de apoio e suporte pois ele muitas vezes contribui para o encontro de um significado maior para a existência.
- Não tente lidar com a dor sozinho, sofrimento não é homenagem a quem se foi.
- Se as dificuldades em se alimentar, dormir ou expressar seus sentimentos de alguma forma permanecerem por mais de um mês, procure ajuda especializada.
- Busque alguma atividade que ajude a dar um significado próprio ao sofrimento por que está passando, elaborando de forma original este sentimento.

http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Caderno Pampa :: Edição nº271 :: 08 de setembro de 2012




Que tal novos rumos?
Mude, siga novos rumos, reinvente-se, busque alternativas, renove-se! Saia da acomodação e busque a sua felicidade.
Mudanças, conforme explica Silvia, partem normalmente da necessidade de renovar algo
As mudanças nem sempre são simples ou fáceis, mas sempre resultam em grandes novidades
Um corte de cabelo, alguns quilos a menos, outro trabalho, uma casa nova. As mudanças que a vida pede podem ser grandes ou pequenas, mas o que realmente importa é o bem que elas proporcionam. O Caderno Pampa encara a partir de hoje um novo ciclo. Completamente novo, o Caderno foi todo reelaborado e agora trás várias novidades. Neste clima, a proposta é encarar as mudanças e entender o quanto elas são importantes. A mensagem principal é que mudar é preciso, mesmo que muitos ainda tenham medo de que algo saia do controle. Na vida há momentos em que sentimos que uma situação chegou ao final e quando isso acontece, o mais certo é abrir o coração e a mente e partir em busca da novidade.
A psicóloga Silvia Vargas lembra que normalmente uma mudança surge da necessidade de renovar algo, mas que em alguns casos existe também a insatisfação. De qualquer forma, a mudança inicia sempre de dentro para fora, ou seja, é o interior de cada pessoa que sinaliza que algo precisa ser visto, para que então esta mudança seja exteriorizada e retorne em forma de bem-estar psicológico.


“Mudanças são inerentes do ser humano e da vida. Mantemos hábitos, mas mesmo sem darmos atenção, passamos por mudanças constantes. Algumas que nem mesmo percebemos, como por exemplo, a renovação celular de nossa pele. Outras que acontecem por decisão, por escolha. Estas, em geral, iniciam a partir de algum desconforto, de alguma insatisfação. São a busca por algum resultado, a busca por uma satisfação. Mudamos quando avaliamos que da forma que está ou que estamos vivendo não estamos realizados ou felizes. Mudamos quando encerramos alguma etapa ou quando algo se altera, às vezes até, alheio a nossa vontade”, argumenta Silvia.
E foi este sentimento de busca por renovação que fez com que Clarissa Rosa largasse o escritório que trabalhava para investir em seu próprio negócio.
“Eu sabia que precisava fazer algo por mim, que precisava dar uma nova guinada na minha vida. Ir ao trabalho já estava tornando-se uma tarefa dolorosa e monótona. Além disso, eu sempre quis investir no meu próprio negócio. E quando a oportunidade apareceu, antes de qualquer coisa eu senti um grande medo, mas logo eu percebi que precisava tomar coragem e seguir em frente. Hoje trabalho muito, mas estou feliz”.
Mário Augusto da Rosa Dutra, ou Guto ou, ainda, Obáfemi, que significa aquele que é adorado pelo rei Xangô, também sentiu a necessidade de ganhar novos rumos e não se arrepende das escolhas. Hoje, com 43 anos ele tem muitas histórias para contar. Até 1996 ele exerceu a profissão de Contador, enquanto paralelamente ao trabalho como assessor de gerência em uma empresa de consórcios de Porto Alegre, estudava a arte da capoeira.


“Nesta época, me sentia insatisfeito pessoalmente, já que acreditava que devia colaborar mais para a sociedade. Então, resolvi mudar o foco de minhas energias e passei a me dedicar a educação de crianças em projetos sociais, utilizando a capoeira como ferramenta pedagógica. Para muitos, e até para mim, essa mudança foi considerada uma loucura: sair do mercado formal, estabilizado e glamourizado, para entrar no campo da cultura e educação, num país que não valoriza estas atividades. Está transição foi complicada, mas mesmo assim, acreditei, insisti e persisti, tornando-me hoje um profissional dos mais qualificados e requisitados na área.”
Mas, quem imagina que realizar-se é uma conquista inabalável, engana-se. É preciso sempre buscar novas alternativas assim, como Guto vez em 2005, quando deixou dos projetos sociais em que trabalhava e montousua própria escola de capoeira, focada na educação e cultura em um espaço num bairro nobre da cidade. Mais uma vez, o passo dado foi considerado "loucura", já que as pessoas acreditavam que uma escola de capoeira não iria se manter financeiramente e em poucos meses faliria.
“Novamente acreditei no meu potencial, a escola não só deu certo, como cresceu e novos núcleos foram abertos outras cidades.Há três meses nos mudamos para um local maior e num bairro mais bacana ainda”.
Mas, nem só de mudanças pensadas é feita a vida. Silvia destaca que ao longo da vida, passamos por várias etapas e mesmo quem acredita que não “mudou com o tempo”, está de certa forma equivocado.
“Com certeza nos mantemos iguais na essência, mas quem chegou ao ensino médio, sendo igual ao que era no tempo do ensino fundamental, ou mais ainda, quem não deixou para traz rotinas e formas de ser do período da universidade quando deu início a sua jornada profissional??A vida é assim, é feita de mudanças, eu sou “eu” e sou vários outros “eus” ao longo da vida. E estar disponível às mudanças traz benefícios, é positivo, pois nos leva ao encontro do novo e nos ensina a lidar com afetos como a perda, o apego e a separação”.
E, para quem ainda não se encorajou a ganhar novos rumos, Silvia conta que uma boa avaliação prévia é um bom passo.
“Não existe “receita” para o sucesso. O que funciona é uma boa avaliação prévia, quando a mudança é por opção e muita disposição para buscar o “lado bom” quando somos sujeitos desta mudança”.
Guto destaca também que é fundamental acreditar em sua capacidade própria e nos seus sonhos.
“Creio que a minha capacidade de acreditar nos meus sonhos, aliado a capacidade de planejar, passo a passo, é o que permitem que eu consiga realizar minhas metas.Mas toda mudança acontece a partir de uma saída de zona de conforto, que muitas vezes nos deixam na mesmice. Toda pessoa, pode mudar, fazer algo novo, basta querer, se qualificar e persistir” argumenta.