De acordo com o Dr. Fernando Lucchese,
renomado cardiologista e
pesquisador (autor de inúmeros trabalhos científicos publicados em periódicos
nacionais e internacionais, diretor do hospital São Francisco de Cardiologia e Transplantes,
da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, com diversos livros
publicados pela L&PM, entre eles Viajando
Com Saúde, Desembarcando o Colesterol
e o best-seller Pílulas Para Viver Melhor),
as doenças da alma causam doenças no
corpo e o trio maléfico é composto pela raiva, à inveja e a
vaidade que colaboram diretamente com as doenças em evidência ou as “epidemias”
das últimas décadas que são:
- aterosclerose:
Aumento da LDL - é o fator principal para a doença. O LDL (lipoproteína de
baixa densidade) se eleva pela ingestão elevada de gorduras altamente saturadas
(principalmente vinda de animais) na dieta diária, por obesidade e inatividade
física.
Hipercolesterolemia Familiar: Doença em que a
pessoa herda genes defeituosos para a formação do receptor de LDL nas
superfícies das membranas celulares do corpo.
- depressão:
Caracteriza-se
pela perda de prazer nas atividades diárias, apatia, alterações cognitivas,
tais como diminuição
da capacidade de raciocinar adequadamente, de se concentrar ou/e de tomar
decisões. Alterações psicomotoras como lentidão, fadiga e
sensação de fraqueza, alterações do sono, mais freqüentemente insônia, podendo ocorrer também
hipersonolência, alterações do apetite - sendo mais comum a perda do
apetite, mas podendo ocorrer também aumento do apetite, redução do interesse sexual,
retraimento social, ideação suicida e prejuízo funcional significativo como, por exemplo,
faltar muito ao trabalho ou a escola e/ou piorar seu o desempenho.
- E NEUROSE DE ANSIEDADE
(que veremos mais além)
Estas três – aterosclerose, depressão e ansiedade, são indicadores
preponderantes para 70% das mortes
que ocorrem por:
- infarto,
- acidentes cerebrais e
- câncer.
Todos têm as mesmas causas, que são nesta ordem:
- emoções;
- genética;
- o
que comemos;
- o
que bebemos;
- o
que respiramos.
Saúde,
conforme o Aurélio (1993) é o estado daquele cujas funções orgânicas, físicas e
mentais, se acham em situação normal. Por normal,
ainda neste dicionário entenda-se: conforme a norma que, por sua vez, significa: modelo, padrão.
O conceito de saúde para o Dr. Lucchese – com o qual eu concordo, é bem
mais amplo, porém acessível: saúde é o bem-estar físico, psíquico,
familiar, financeiro, profissional, ambiental e espiritual.
Resumindo, podemos dizer que saúde
é a ausência total de doença.
Na evolução da medicina, é possível estabelecermos três fases que são:
CORPO – por muitos séculos foi o único e
exclusivo objeto de estudo em questões de saúde ou doença.
MENTE – passa a ser alvo de estudos mais
profundos e específicos a partir do século 19 – porém com a dicotomia corpo e
mente totalmente presente, tendo suas doenças específicas e distintas.
ESPÍRITO – apesar do reconhecimento do espírito/alma
por vários segmentos desde os primórdios da nossa cultura judaico-cristã, seu
vínculo com a saúde ainda não é consenso na área médica.
Atualmente é com a maior tranqüilidade que um número crescente de médicos
e demais profissionais da saúde afirmam que a ausência de doença está
diretamente vinculada ao estilo de vida. Isso vem sendo comprovado através de
pesquisas científicas onde podemos
observar que os fatores que prolongam a vida são:
Ø assistência médica – 10%
Ø genética – 17%
Ø meio
ambiente – 20%
Ø estilo de vida – 53%
E o que vem a ser ESTILO DE VIDA?
Estilo de vida é a gestão da saúde, do prazer e da felicidade.
Para viver 100 anos é preciso glicose normal; pressão arterial normal;
colesterol normal; ser magro, exercitar-se e querer, desejar VIVER. Contudo a longevidade não tem sentido se não houver prazer na vida e os cinco fatores que afetam a
felicidade são:
- relação familiar;
- situação financeira;
- trabalho;
- comunidade e amigos;
- saúde.
Só alcança sua própria felicidade quem se preocupa também em fazer a
felicidade dos outros, porém a felicidade
não é obtida e distribuída regularmente entre as pessoas, o segredo está em
aceitar a dose que nos foi concedida e ter o cuidado de não habituar-se à felicidade
banalizando-a ao ponto de incorrermos na exacerbação da comparação,
principalmente entre o poder aquisitivo das pessoas, produzindo a sensação de
superioridade ou inferioridade, promovendo ora a vaidade, ora a inveja, não raras vezes acompanhadas pela raiva
decorrente das expectativas frustradas nas comparações citadas. Esta
comparação, por sua vez, motivada pela sensação de infelicidade induz, por
exemplo, ao consumismo que aumenta ainda mais a insatisfação e assim se
desenrola mais uma vez a mesma seqüência de atos, ações e sentimentos, que
produzem um crescente nas dores emocionais.
Aqui retomamos a questão da ANSIEDADE.
Normal
A
ansiedade é uma reação normal, dita bio adaptativa é um sentimento
desagradável, vago, indefinido, que pode vir acompanhado de sensações como frio
no estômago, aperto no peito, coração acelerado, tremores e podendo haver
também sensação de falta de ar. É um sinal de alerta, que faz com que a pessoa
possa se defender e proteger de ameaças, sendo uma reação natural e necessária
para a auto-preservação. Ou seja, é uma resposta
do corpo a algum tipo de estressor externo; por exemplo, diante de uma ameaça
(um predador), o organismo deve reagir aumentando seu ritmo para que este possa
se preparar para a fuga. O ritmo cardíaco aumenta, há contração de vasos
periféricos para que se concentre sangue em áreas vitais, a respiração aumenta
sua freqüência. Portanto, todas estas reações são normais preparam o indivíduo
para enfrentar o estressor externo. É uma sensação difusa, desagradável de apreensão
acompanhada por várias sensações físicas. Não é um estado normal, mas é uma reação normal, esperada em
determinadas situações. As reações de ansiedade normais não precisam ser
tratadas por serem naturais, esperadas e auto-limitadas.
Patológica
A
ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se por ter uma duração e
intensidade maior que o esperado para a situação precipitante, além de não
ajudar a enfrentar um fator estressor, ela dificulta e atrapalha a reação, tornando difícil o controle dos sintomas físicos
causando prejuízo na atividade social, dificultando e impossibilitando a
adaptação. Ao contrário da ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo,
trazendo prejuízos ao seu bem estar. Costuma causar um comprometimento
significativo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa, podendo gerar
um acentuado sofrimento, uma apreensão negativa
quanto ao futuro, uma inquietação interna desagradável.
Diferencial
A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de
ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta
duração, auto limitada e relacionada ao estímulo do momento ou não.
A ansiedade patológica caracteriza-se pela intensidade prolongada
à situação precipitante.
A ansiedade se torna patológica em dois momentos:
a) quando o corpo reage excessivamente a um estímulo, ou
seja, quando a ansiedade é desproporcional ao estímulo e transforma uma reação
adaptativa em reação desadaptativa, ou mesmo quando ela aparece relacionada a
estímulos que normalmente não gerariam ansiedade;
b) quando ocorre ansiedade na ausência de estímulo
deflagrador.
Os principais sintomas do TRANSTORNO DE ANSIEDADE são:
Além
das manifestações psíquicas, a ansiedade pode apresentar sintomas físicos, tais
como aceleração dos batimentos cardíacos - taquicardia, palpitações, sensação
de desconforto ou aperto/dor no peito, sensação de que vai enfartar, dor de
cabeça, de pressão na cabeça ou
nuca, sensação de falta de ar, tonturas,
tremores, fraqueza nas pernas, suor
excessivo, formigamentos, ondas de frio e de calor, rubor, lapsos de memória,
sensação de que o ambiente está estranho, que está prestes a desmaiar,
desmaios, de vai engasgar com ou sem alimentos, problemas
gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarréia,
além de irritabilidade, facilidade em alterar-se, tensão muscular e
hipertensão. Os sintomas físicos e viscerais
variam de pessoa para pessoa. Em mulheres pode causar disfunção hormonal, num
ponto capaz de suspender a menstruação. Pode levar também a um quadro
depressivo: apresentando tristeza, desânimo e pessimismo.
Estes sintomas citados, naturalmente provocam
alterações de humor e mobilizam outros sentimentos. Alterações em nossas
emoções provocam as reações físicas, o que chamamos de somatização.
Ex.: caso jovem B
Esta somatização comumente induz a
automedicação sem a devida investigação do mal, o que compromete o organismo,
quando o problema muitas vezes é psicossomático carecendo de uma investigação e
intervenção específica e especializada.
ansiedade --> sintoma --> ansiedade --> mais sintomas -->
mais ansiedade --> sensação de fracasso ...
Os Transtornos de Ansiedade são freqüentes, tanto em crianças
quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9%
e 15% respectivamente, afetam significativa parcela da população e trazem
grande sofrimento e incapacitação a estas pessoas e, geralmente, a seus
familiares. Muitas vezes não são diagnosticados nem compreendidos como um
problema de saúde. Por outro lado, quando identificados, podem ser tratadas de
forma eficaz e seguras através do uso de medicações e de diversas técnicas de
psicoterapia.
Na maioria das vezes, a ansiedade tem sua origem na infância.
Sem tratamento e resolução, a pessoa pode desenvolver outros transtornos como depressão, por exemplo, ou mesmo buscar o álcool e as drogas como um paliativo a fim de lidar com o problema.
Sem tratamento e resolução, a pessoa pode desenvolver outros transtornos como depressão, por exemplo, ou mesmo buscar o álcool e as drogas como um paliativo a fim de lidar com o problema.
A resposta médica para o transtorno de ansiedade é a administração de
drogas antidepressivos e
benzodiazepínicas (calmantes). A Psicoterapia é fundamental para saber a origem da
ansiedade e como lidar com ela; a associação medicação + psicoterapia tem
ótimos resultados.
Porém, quando a psicoterapia oferecida, é sob a abordagem
de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) proporciona apenas certo grau de
alívio para os pacientes, pois a ênfase
de ambos é em controlar os sintomas e trabalhar do presente para frente sem
investigar para tratar e eliminar as causas subjacentes. Assim, enquanto as
causas permanecem intactas, a ansiedade irá se manifestar.
No “processo ansioso” o inconsciente (o
repositório de crenças) está trabalhando simplesmente para proteger o indivíduo
do perigo.
Criando sentimentos de ansiedade e medo, o
inconsciente “trabalha” para que a pessoa fique livre (evitação) de quaisquer “riscos e danos”- como se estivesse num
“modo de proteção”.
O que vemos é que a mente subconsciente
interpretou a situação de maneira errada, pois está baseando a sua resposta em
condicionamento prévio que simplesmente não é mais adequado. Repetindo, incondicionalmente, um padrão que
vai se agravando e cristalizando.
Com as técnicas da
psicoterapia analítica, podemos chegar ao inconsciente, onde
os sentimentos negativos são gerados, realimentados e mantidos, e realinhar as
crenças equivocadas que são responsáveis por manter e executar o 'programa'.
Associadas às técnicas comportamentais para lidar com o ‘programa’ já instalado
o tratamento
evolui promovendo a mudança do comportamento e os
sintomas – ansiedade – vão se
extinguindo porque, a partir das percepções e entendimentos não haverá nada
mais ali para impulsioná-los.
Extremamente
eficientes são também as mudanças de hábitos de vida: exercícios físicos,
acupuntura, yoga, pilates,caminhadas. Otimização dos horários de trabalho,
higiene do sono, criação de "áreas de lazer" na grade horária
semanal, são fundamentais para auxiliar o indivíduo a ficar menos ansioso.
Os transtornos de ansiedade mais comuns são:
Transtorno de Pânico: é caracterizado por Ataques de Pânico recorrentes. Ataques de Pânico são
crises de medo intenso (de morrer, de perder o controle, de “enlouquecer”, de
ter um “ataque cardíaco”) associado a uma série de sintomas físicos
(palpitações, aceleração dos batimentos cardíacos, sensação de falta de ar, dor
ou desconforto no peito, tremores, tonturas, suor excessivo, formigamentos,
enjoo,… ). O início é súbito e a duração é de cerca de 10 a 30 minutos. Os
ataques de pânico podem ser freqüentes, inclusive ocorrendo mais de uma vez ao
dia. As crises podem estar associadas a situações ou locais específicos. Também
podem ocorrer em qualquer lugar ou situação e sem motivo aparente. Essa
imprevisibilidade faz com que a pessoa fique bastante preocupada quanto ao
próximo ataque (ansiedade antecipatória).
Fobia Específica: é um medo excessivo de determinados objetos ou situações como
animais, altura, tempestade e trovões, sangue, ferimentos e injeções, andar em
túneis, pontes, elevadores, viajar de avião, ficar em locais fechados, contrair
doenças. As pessoas procuram evitar estes estímulos fóbicos e quando expostas a
eles desenvolvem forte ansiedade.
Fobia Social: é um medo excessivo de expor-se a outras pessoas em situações
sociais ou de desempenho levando o indivíduo a evitar estas situações ou
enfrentá-las com intenso sofrimento. A fobia pode estar restrita a situações
específicas como falar, escrever ou comer em público ou pode envolver quase
todas as situações sociais. A pessoa pode ter sintomas como rubor,
palpitações, tremores nas mãos, suor excessivo, dor de barriga, gagueira e até
ataques de pânico ao ser exposta a tais situações. A fobia social geralmente
começa na adolescência e afeta igualmente ambos os sexos. Em casos mais graves,
pode resultar em isolamento social quase completo.
Agorafobia: é um temor de ter
ataques de pânico em lugares ou situações em que seja difícil escapar ou
receber ajuda. Acabam evitando sair de casa sozinhas, estar em multidões,
dirigir, viajar e freqüentar lugares como shoppings, supermercados e bancos
assim como andar de ônibus, metrô ou carro, limitando de forma significativa
sua autonomia.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): é caracterizado por obsessões e/ou compulsões recorrentes.
Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens que surgem na mente do indivíduo
de forma repetitiva, persistente e indesejada, causando ansiedade e sofrimento.
Os pensamentos obsessivos podem estar associados a contaminação, organização,
impulsos agressivos e imagens sexuais, entre outros. O paciente não consegue
evitar tais pensamentos. Compulsões são comportamentos repetitivos (lavar, limpar,
organizar, verificar) ou atos mentais (orar, contar, repetir palavras ou
números em silêncio) que o indivíduo sente necessidade de realizar, geralmente
em resposta (para aliviar a ansiedade) a pensamentos obsessivos (por ex.: lavar
várias vezes as mãos em resposta a pensamentos obsessivos de contaminação). O
portador de TOC geralmente consome grande parte de seu tempo envolvido com as
obsessões e compulsões com prejuízo em suas atividades diárias.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): é caracterizado por um estado constante de ansiedade e/ou de
preocupações excessivas, ocorrendo durante a maior parte do tempo por um
período de pelo menos 6 meses. A pessoa tem dificuldade em controlar suas
preocupações e pode apresentar sintomas como a sensação de estar com os nervos
a “flor da pele”, sentir-se “no limite”, ter dificuldade de concentração,
tensão muscular, incapacidade de relaxar, dores de cabeça, fadiga e problemas
de sono. Medos como de adoecer ou sofrer um acidente, ou de que algo ruim
aconteça com um familiar também podem ocorrer.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): consiste de uma série de sintomas emocionais e físicos que
podem ocorrer em pessoas que vivenciaram uma experiência traumática. Uma
experiência traumática pode ser decorrente de agressões, estupro, assalto,
seqüestro, tortura, presenciar a morte violenta de alguém, acidentes de carro,
incêndios, desastres naturais e qualquer outra situação que envolva ameaça a
integridade física do indivíduo ou de pessoas próximas. Os sintomas do TEPT
incluem: 1) lembranças freqüentes, pensamentos, imagens e pesadelos sobre o
trauma; 2) evitação de lugares, situações, atividades e pessoas relacionadas ao
trauma, assim como isolamento, desinteresse por suas atividades, tristeza e
outros sintomas depressivos; 3) insônia, irritação, dificuldade de
concentração, estado de alerta constante, ansiedade permanente. Os sintomas
podem se desenvolver até 6 meses após a experiência traumática.
Psicóloga Sílvia Vargas
CRP 07/12061
Rua Bento Gonçalves, 285
Sala 903 - Ed. Carlos Brasil
Fones: 53 3311 2238 e 8427 7000
http://psisilviavargas.blogspot.com
Psicologia Clínica, Psicossomática e
Sistema Florais Joel Aleixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário