sexta-feira, 23 de setembro de 2011

ANSIEDADE normal ou patológica? A influência e ação das emoções sobre a vida.


Integra da Palestra Realizada dia 14/09/2011 na Farmácia Mistura da Terra - Bagé/RS 

De acordo com o Dr. Fernando Lucchese, renomado cardiologista e pesquisador (autor de inúmeros trabalhos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais, diretor do hospital São Francisco de Cardiologia e Transplantes, da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, com diversos livros publicados pela L&PM, entre eles Viajando Com Saúde, Desembarcando o Colesterol e o best-seller Pílulas Para Viver Melhor), as doenças da alma causam doenças no corpo e o trio maléfico é composto pela raiva, à inveja e a vaidade que colaboram diretamente com as doenças em evidência ou as “epidemias” das últimas décadas que são:
- aterosclerose:
Aumento da LDL -  é o fator principal para a doença. O LDL (lipoproteína de baixa densidade) se eleva pela ingestão elevada de gorduras altamente saturadas (principalmente vinda de animais) na dieta diária, por obesidade e inatividade física.
Hipercolesterolemia Familiar: Doença em que a pessoa herda genes defeituosos para a formação do receptor de LDL nas superfícies das membranas celulares do corpo.
- depressão:
Caracteriza-se pela perda de prazer nas atividades diárias, apatia, alterações cognitivas, tais como diminuição da capacidade de raciocinar adequadamente, de se concentrar ou/e de tomar decisões. Alterações psicomotoras como lentidão, fadiga e sensação de fraqueza, alterações do sono, mais freqüentemente insônia, podendo ocorrer também hipersonolência, alterações do apetite - sendo mais comum a perda do apetite, mas podendo ocorrer também aumento do apetite, redução do interesse sexual, retraimento social, ideação suicida e prejuízo funcional significativo como, por exemplo, faltar muito ao trabalho ou a escola e/ou piorar seu o desempenho.

- E NEUROSE DE ANSIEDADE
(que veremos mais além)

Estas três – aterosclerose, depressão e ansiedade, são indicadores preponderantes para 70% das mortes que ocorrem por:
- infarto,
- acidentes cerebrais e
- câncer.

Todos têm as mesmas causas, que são nesta ordem:
- emoções;
- genética;
- o que comemos;
- o que bebemos;
- o que respiramos.

Saúde, conforme o Aurélio (1993) é o estado daquele cujas funções orgânicas, físicas e mentais, se acham em situação normal. Por normal, ainda neste dicionário entenda-se: conforme a norma que, por sua vez, significa: modelo, padrão.
O conceito de saúde para o Dr. Lucchese – com o qual eu concordo, é bem mais amplo, porém acessível: saúde é o bem-estar físico, psíquico, familiar, financeiro, profissional, ambiental e espiritual.
Resumindo, podemos dizer que saúde é a ausência total de doença.
Na evolução da medicina, é possível estabelecermos três fases que são:
CORPO – por muitos séculos foi o único e exclusivo objeto de estudo em questões de saúde ou doença.
MENTE – passa a ser alvo de estudos mais profundos e específicos a partir do século 19 – porém com a dicotomia corpo e mente totalmente presente, tendo suas doenças específicas e distintas.
ESPÍRITO – apesar do reconhecimento do espírito/alma por vários segmentos desde os primórdios da nossa cultura judaico-cristã, seu vínculo com a saúde ainda não é consenso na área médica.
Atualmente é com a maior tranqüilidade que um número crescente de médicos e demais profissionais da saúde afirmam que a ausência de doença está diretamente vinculada ao estilo de vida. Isso vem sendo comprovado através de pesquisas científicas onde podemos observar que os fatores que prolongam a vida são:

Ø  assistência médica10%
Ø  genética – 17%
Ø   meio ambiente – 20%
Ø   estilo de vida – 53%

E o que vem a ser ESTILO DE VIDA?

Estilo de vida é a gestão da saúde, do prazer e da felicidade.
Para viver 100 anos é preciso glicose normal; pressão arterial normal; colesterol normal; ser magro, exercitar-se e querer, desejar VIVER. Contudo a longevidade não tem sentido se não houver prazer na vida e os cinco fatores que afetam a felicidade são:

- relação familiar;  
- situação financeira;  
- trabalho;
- comunidade e amigos;
- saúde.

Só alcança sua própria felicidade quem se preocupa também em fazer a felicidade dos outros, porém a felicidade não é obtida e distribuída regularmente entre as pessoas, o segredo está em aceitar a dose que nos foi concedida e ter o cuidado de não habituar-se à felicidade banalizando-a ao ponto de incorrermos na exacerbação da comparação, principalmente entre o poder aquisitivo das pessoas, produzindo a sensação de superioridade ou inferioridade, promovendo ora a vaidade, ora a inveja, não raras vezes acompanhadas pela raiva decorrente das expectativas frustradas nas comparações citadas. Esta comparação, por sua vez, motivada pela sensação de infelicidade induz, por exemplo, ao consumismo que aumenta ainda mais a insatisfação e assim se desenrola mais uma vez a mesma seqüência de atos, ações e sentimentos, que produzem um crescente nas dores emocionais.
Aqui retomamos a questão da ANSIEDADE.


Normal

A ansiedade é uma reação normal, dita bio adaptativa é um sentimento desagradável, vago, indefinido, que pode vir acompanhado de sensações como frio no estômago, aperto no peito, coração acelerado, tremores e podendo haver também sensação de falta de ar. É um sinal de alerta, que faz com que a pessoa possa se defender e proteger de ameaças, sendo uma reação natural e necessária para a auto-preservação. Ou seja, é uma resposta do corpo a algum tipo de estressor externo; por exemplo, diante de uma ameaça (um predador), o organismo deve reagir aumentando seu ritmo para que este possa se preparar para a fuga. O ritmo cardíaco aumenta, há contração de vasos periféricos para que se concentre sangue em áreas vitais, a respiração aumenta sua freqüência. Portanto, todas estas reações são normais preparam o indivíduo para enfrentar o estressor externo. É uma sensação difusa, desagradável de apreensão acompanhada por várias sensações físicas. Não é um estado normal, mas é uma reação normal, esperada em determinadas situações. As reações de ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais, esperadas e auto-limitadas.

Patológica

A ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se por ter uma duração e intensidade maior que o esperado para a situação precipitante, além de não ajudar a enfrentar um fator estressor, ela dificulta e atrapalha a reação, tornando difícil o controle dos sintomas físicos causando prejuízo na atividade social, dificultando e impossibilitando a adaptação. Ao contrário da ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo, trazendo prejuízos ao seu bem estar. Costuma causar um comprometimento significativo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa, podendo gerar um acentuado sofrimento, uma apreensão negativa quanto ao futuro, uma inquietação interna desagradável.

Diferencial
A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, auto limitada e relacionada ao estímulo do momento ou não.
A ansiedade patológica caracteriza-se pela intensidade prolongada à situação precipitante.
A ansiedade se torna patológica em dois momentos:
a) quando o corpo reage excessivamente a um estímulo, ou seja, quando a ansiedade é desproporcional ao estímulo e transforma uma reação adaptativa em reação desadaptativa, ou mesmo quando ela aparece relacionada a estímulos que normalmente não gerariam ansiedade;
b) quando ocorre ansiedade na ausência de estímulo deflagrador.

Os principais sintomas do TRANSTORNO DE ANSIEDADE são:
Além das manifestações psíquicas, a ansiedade pode apresentar sintomas físicos, tais como aceleração dos batimentos cardíacos - taquicardia, palpitações, sensação de desconforto ou aperto/dor no peito, sensação de que vai enfartar, dor de cabeça, de pressão na cabeça ou nuca, sensação de falta de ar, tonturas, tremores, fraqueza nas pernas, suor excessivo, formigamentos, ondas de frio e de calor, rubor, lapsos de memória, sensação de que o ambiente está estranho, que está prestes a desmaiar, desmaios, de vai engasgar com ou sem alimentos, problemas gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarréia, além de irritabilidade, facilidade em alterar-se, tensão muscular e hipertensão. Os sintomas físicos e viscerais variam de pessoa para pessoa. Em mulheres pode causar disfunção hormonal, num ponto capaz de suspender a menstruação. Pode levar também a um quadro depressivo: apresentando tristeza, desânimo e pessimismo.
Estes sintomas citados, naturalmente provocam alterações de humor e mobilizam outros sentimentos. Alterações em nossas emoções provocam as reações físicas, o que chamamos de somatização.
Ex.: caso jovem B
Esta somatização comumente induz a automedicação sem a devida investigação do mal, o que compromete o organismo, quando o problema muitas vezes é psicossomático carecendo de uma investigação e intervenção específica e especializada.

ansiedade --> sintoma -->   ansiedade --> mais sintomas -->
mais ansiedade -->  sensação de fracasso ...

Os Transtornos de Ansiedade são freqüentes, tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente, afetam significativa parcela da população e trazem grande sofrimento e incapacitação a estas pessoas e, geralmente, a seus familiares. Muitas vezes não são diagnosticados nem compreendidos como um problema de saúde. Por outro lado, quando identificados, podem ser tratadas de forma eficaz e seguras através do uso de medicações e de diversas técnicas de psicoterapia.
Na maioria das vezes, a ansiedade tem sua origem na infância.
Sem tratamento e resolução, a pessoa pode desenvolver outros transtornos como depressão, por exemplo, ou mesmo buscar o álcool e as drogas como um paliativo a fim de lidar com o problema.
A resposta médica para o transtorno de ansiedade é a administração de drogas  antidepressivos e benzodiazepínicas (calmantes). A Psicoterapia é fundamental para saber a origem da ansiedade e como lidar com ela; a associação medicação + psicoterapia tem ótimos resultados.
Porém, quando a psicoterapia oferecida, é sob a abordagem de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) proporciona apenas certo grau de alívio para os pacientes, pois a ênfase de ambos é em controlar os sintomas e trabalhar do presente para frente sem investigar para tratar e eliminar as causas subjacentes. Assim, enquanto as causas permanecem intactas, a ansiedade irá se manifestar.
No “processo ansioso” o inconsciente (o repositório de crenças) está trabalhando simplesmente para proteger o indivíduo do perigo.
Criando sentimentos de ansiedade e medo, o inconsciente “trabalha” para que a pessoa fique livre (evitação) de quaisquer “riscos e danos”- como se estivesse num “modo de proteção”.
O que vemos é que a mente subconsciente interpretou a situação de maneira errada, pois está baseando a sua resposta em condicionamento prévio que simplesmente não é mais adequado.  Repetindo, incondicionalmente, um padrão que vai se agravando e cristalizando.

Com as técnicas da psicoterapia analítica, podemos chegar ao inconsciente, onde os sentimentos negativos são gerados, realimentados e mantidos, e realinhar as crenças equivocadas que são responsáveis por manter e executar o 'programa'. Associadas às técnicas comportamentais para lidar com o ‘programa’ já instalado o tratamento evolui promovendo a mudança do comportamento e os sintomas – ansiedade – vão se extinguindo porque, a partir das percepções e entendimentos não haverá nada mais ali para impulsioná-los.
Extremamente eficientes são também as mudanças de hábitos de vida: exercícios físicos, acupuntura, yoga, pilates,caminhadas. Otimização dos horários de trabalho, higiene do sono, criação de "áreas de lazer" na grade horária semanal, são fundamentais para auxiliar o indivíduo a ficar menos ansioso.
Os transtornos de ansiedade mais comuns são:
Transtorno de Pânico: é caracterizado por Ataques de Pânico recorrentes. Ataques de Pânico são crises de medo intenso (de morrer, de perder o controle, de “enlouquecer”, de ter um “ataque cardíaco”) associado a uma série de sintomas físicos (palpitações, aceleração dos batimentos cardíacos, sensação de falta de ar, dor ou desconforto no peito, tremores, tonturas, suor excessivo, formigamentos, enjoo,… ). O início é súbito e a duração é de cerca de 10 a 30 minutos. Os ataques de pânico podem ser freqüentes, inclusive ocorrendo mais de uma vez ao dia. As crises podem estar associadas a situações ou locais específicos. Também podem  ocorrer em qualquer lugar ou situação e sem motivo aparente. Essa imprevisibilidade faz com que a pessoa fique bastante preocupada quanto ao próximo ataque (ansiedade antecipatória).
Fobia Específica: é um medo excessivo de determinados objetos ou situações como animais, altura, tempestade e trovões, sangue, ferimentos e injeções, andar em túneis, pontes, elevadores, viajar de avião, ficar em locais fechados, contrair doenças. As pessoas procuram evitar estes estímulos fóbicos e quando expostas a eles desenvolvem forte ansiedade.
Fobia Social: é um medo excessivo de expor-se a outras pessoas em situações sociais ou de desempenho levando o indivíduo a evitar estas situações ou enfrentá-las com intenso sofrimento. A fobia pode estar restrita a situações específicas como falar, escrever ou comer em público ou pode envolver quase todas as situações sociais. A pessoa pode ter sintomas como rubor, palpitações, tremores nas mãos, suor excessivo, dor de barriga, gagueira e até ataques de pânico ao ser exposta a tais situações. A fobia social geralmente começa na adolescência e afeta igualmente ambos os sexos. Em casos mais graves, pode resultar em isolamento social quase completo.
Agorafobia: é um temor de ter ataques de pânico em lugares ou situações em que seja difícil escapar ou receber ajuda. Acabam evitando sair de casa sozinhas, estar em multidões, dirigir, viajar e freqüentar lugares como shoppings, supermercados e bancos assim como andar de ônibus, metrô ou carro, limitando de forma significativa sua autonomia.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): é caracterizado por obsessões e/ou compulsões recorrentes. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens que surgem na mente do indivíduo de forma repetitiva, persistente e indesejada, causando ansiedade e sofrimento. Os pensamentos obsessivos podem estar associados a contaminação, organização, impulsos agressivos e imagens sexuais, entre outros. O paciente não consegue evitar tais pensamentos. Compulsões são comportamentos repetitivos (lavar, limpar, organizar, verificar) ou atos mentais (orar, contar, repetir palavras ou números em silêncio) que o indivíduo sente necessidade de realizar, geralmente em resposta (para aliviar a ansiedade) a pensamentos obsessivos (por ex.: lavar várias vezes as mãos em resposta a pensamentos obsessivos de contaminação). O portador de TOC geralmente consome grande parte de seu tempo envolvido com as obsessões e compulsões com prejuízo em suas atividades diárias.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): é caracterizado por um estado constante de ansiedade e/ou de preocupações excessivas, ocorrendo durante a maior parte do tempo por um período de pelo menos 6 meses. A pessoa tem dificuldade em controlar suas preocupações e pode apresentar sintomas como a sensação de estar com os nervos a “flor da pele”, sentir-se “no limite”, ter dificuldade de concentração, tensão muscular, incapacidade de relaxar, dores de cabeça, fadiga e problemas de sono. Medos como de adoecer ou sofrer um acidente, ou de que algo ruim aconteça com um familiar também podem ocorrer.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): consiste de uma série de sintomas emocionais e físicos que podem ocorrer em pessoas que vivenciaram uma experiência traumática. Uma experiência traumática pode ser decorrente de agressões, estupro, assalto, seqüestro, tortura, presenciar a morte violenta de alguém, acidentes de carro, incêndios, desastres naturais e qualquer outra situação que envolva ameaça a integridade física do indivíduo ou de pessoas próximas. Os sintomas do TEPT incluem: 1) lembranças freqüentes, pensamentos, imagens e pesadelos sobre o trauma; 2) evitação de lugares, situações, atividades e pessoas relacionadas ao trauma, assim como isolamento, desinteresse por suas atividades, tristeza e outros sintomas depressivos; 3) insônia, irritação, dificuldade de concentração, estado de alerta constante, ansiedade permanente. Os sintomas podem se desenvolver até 6 meses após a experiência traumática.
Psicóloga Sílvia Vargas
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Psicologia Clínica, Psicossomática e
Sistema Florais Joel Aleixo


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