domingo, 29 de agosto de 2010

Saúde e Bem Estar - Especial Dia do Psicólogo - Caderno do Pampa ZH

Opção de vida - dia do solteiro - Caderno do Pampa ZH

Redes Sociais Reforçam o Dia do Amigo

JORNAL MINUANO

por: Maritza Paiva Costa
20/07/2010


Redes sociais reforçam o dia do amigo.
Em tempos de modernidade, os laços afetivos são mantidos pela internet.

Os brasileiros costumam ter certa implicância com os argentinos. Mas é daquele país que veio uma das datas mais lembradas pelos brasileiros, pelo menos por aqueles que costumam utilizar frequentemente a internet. Trata-se do Dia do Amigo, comemorado hoje, 20 de julho, quando chovem mensagens nas caixas de e-mails e páginas de redes sociais. O dia do amigo foi adotado pela primeira vez na década de 70, em Buenos Aires, Argentina, com o Decreto nº 235/79. Ao longo do tempo outros países foram copiando a ideia, inclusive o Brasil.

Conta a história que o criador da data, o argentino Enrique Ernesto Febbraro, inspirou-se na chegada do homem à lua em 20 de julho de 1969. Para ele, a conquista não foi somente uma vitória científica mas também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo.

Em pleno século XXI, a correria do dia a dia, na maioria das vezes, não permite que os amigos se vejam diariamente e nem mesmo que se visitem com a frequência desejada. Por isso, tem sido uma ferramenta cada vez mais útil para manter os laços de amizades. É assim que acontece com a comerciária Carla Ribeiro Cardoso, de 28 anos. Ela conta que, desde que criou um perfil em uma rede social na internet, há cerca de cinco anos, reencontrou amigos de infância que já nem sabia onde estavam ou há muito não mantinha contato. Carla conta que tem pelo menos cinco amigos que estão longe com os quais se comunica pela internet. Eles podem, por exemplo, acompanhar o crescimento de sua filha Alanna. “A internet é um meio de comunicação ágil e barato. Muitos amigos conheceram a Alanna pela web cam”, conta ela, que conversa com amigos que moram em Porto Alegre, Passo Fundo e Panambi. Carla lembra com carinho de como consegue manter o laço de afeto com uma amiga do colégio, Cynthia Hayasaka, que conhece há 13 anos e se mudou para Goiânia. “Não é sempre que temos dinheiro pra visitar estas pessoas queridas que moram longe. Por isso a rede ajuda muito a manter o contato”, resume.

A psicóloga Sílvia Vargas lembra que a internet é saudável na manutenção das relações que fisicamente não são possíveis, mas lembra que a ferramenta pode prejudicar quando as pessoas deixam de se ver, morando numa mesma cidade, substituindo o contato real e as reuniões de amigos pela internet. “Tem o lado positivo e o negativo”, conta ela. Ela afirma que manter o contato com os amigos e a família mesmo estando longe proporciona um suporte emocional, muitas vezes indispensável na vida das pessoas. “Apesar de não se ver o amigo, ele está na sua casa e você na dele por meio da internet. Isso faz com que ele permaneça participando da vida da pessoa, mantendo a intimidade conquistada”, avalia, complementando que a internet e as redes sociais têm tido um papel muito importante na manutenção das relações interpessoais.







O Preconceito e o Tratamento Psicológico

Sílvia: avalia o preconceito contra a ajuda do psicólogo
JORNAL MINUANO – CARDENO DE SAÚDE
por: Maritza Paiva Costa
21/04/2009

Quem assiste frequentemente a novela das oito da rede Globo, Caminho das Índias, já se emocionou com as cenas muito bem interpretadas por Bruno Gagliasso do seu personagem Tarso, jovem que começa a apresentar os primeiros sinais de esquizofrenia. Em certo capítulo, o jovem pede à mãe para ir ao psicólogo e ela diz: “converse comigo meu filho, psicólogo é coisa de louco e você não é louco”. A cena demonstra o preconceito que ainda existe contra o trabalho de ajuda profissional. “Quando temos uma dor de dente ou de cabeça procuramos prontamente um médico. Agora, quando temos um problema emocional, não fazemos isso. A somatização destes sintomas pode ocasionar até mesmo problemas físicos”, explica a psicóloga Sílvia Vargas.

Para ela, o preconceito é muito mais ligado a questão cultural. “Quando temos uma mágoa ou tristeza procuramos outras formas de tratamento, como a Igreja. O papel da fé é muito importante, mas a ajuda profissional também. Assim como outros problemas, o sofrimento emocional também precisa ser tratado”, explica a psicóloga.

Não é incomum, por exemplo, ouvirmos de pessoas muitas vezes esclarecidas que algum problema psicológico não passa de frescura. Se uma mulher apresenta um quadro de depressão pós-parto, sintoma cada vez mais comum, por exemplo, as mulheres mais velhas da família costumam dizer que na sua época não acontecia nada disso e tudo é frescura e não doença. Conforme explica Sílvia, o aparecimento mais comum de problemas psicológicos tem se dado porque o ritmo da vida hoje é muito acelerado, facilitando o aparecimento da ansiedade, por exemplo. “A cobrança hoje é muito maior em todos os sentidos. Vemos pais falando aos seus filhos que recém começaram a vida escolar que eles precisam se formar na faculdade, ser alguém na vida, tudo isso sendo cobrado muito cedo. Isso traz receios e medos. Também vivemos uma falta de discernimento com relação às fases da vida, quando se é criança, adolescente ou adulto”, avalia a profissional.

O primeiro passo do psicólogo é estabelecer uma conversa inicial com a pessoa e a partir daí programar um tratamento, que depende do tipo do problema.

O papel dos pais
Segundo a psicóloga, quando os filhos são crianças ou adolescentes, os pais ainda têm a autonomia de influência da vontade das crianças. “Mas em vez de usar o termo “eu vou te levar a um psicólogo” os pais podem usar “vamos juntos”. A idéia é motivar o filho a ir e se incluir no problema, mostrando que a família é um todo”, orienta Sílvia. Já no caso de filhos adultos, o melhor resultado vem a partir do momento em que a pessoa esteja desejando buscar ajuda. “Se o pai não conseguir motivar o filho, ele mesmo pode conversar com um psicólogo para aprender a lidar melhor com o problema e tentar traçar uma estratégia junto com o profissional”, sugere Sílvia, que é especialista em psicossomática.

Dicas para saber quando é preciso procurar um psicólogo

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Mal estar constante, inclusive físico, sem causa aparente;
Desconforto em um ou todos os setores da vida (trabalho, relacionamento amoroso, família..)
Sensações exacerbadas, como muito medo, muita euforia, tristeza, falta de motivação para as tarefas diárias;
Os problemas psicológicos podem acontecer em qualquer idade, até mesmo nas crianças.


 













O Amor

Publicado na Revista O Melhor do Bairro


Ano I –nº1 – Junho de 2010


Convidada a escrever sobre o AMOR, aceitei de pronto, primeiro porque gosto de escrever, discorrer sobre sentimentos e, mesmo alertada de que teria bem pouco tempo, topei confiante de tratar-se de um tema “fácil”.

Quanta ingenuidade (ou pretensão) a minha.

Todo mundo (todo mundo mesmo – aquele “melhor amigo” de toda criança e adolescente – todo mundo vai..., todo mundo tem... todo mundo pode...) então, todo mundo sabe falar de amor. Seja no coletivo ou de experiências individuais.

Cada pessoa tem uma ou mais histórias para contar sobre o amor. Sobre o que viram ou viveram, sobre as histórias que marcaram a história e que são contadas na literatura, teatro e cinema ou ainda sobre as histórias que almejam viver.

Histórias de amor, em geral são associadas a contos de fadas onde sempre há príncipe e princesa e tudo se torna possível encerrando com um maravilhoso final feliz.

Entretanto, falar de amor é, de fato, falar de vida.

Com histórias boas ou nem tão boas assim. O amor é perfeito o ser humano, nem sempre.

Cada um de nós, ou seja, cada nova vida é fruto de uma história de amor – se ela foi uma “história feliz”, ou um conto de fadas, bem...

Isso já é outra história...

O amor é, com certeza, o mais nobre e sublime dos sentimentos, mas nem sempre é como imaginamos, como queremos ou como esperamos.

Como já cantava Djavan:

(...) O amor

Por ser amor

Invade e fim (...)

E ele invade de mansinho, aos pouquinhos, ou de repente, intenso como um vendaval, ou tão calmo como uma garoa. Não importa. Ele sempre chega, mais cedo ou mais tarde, sendo ou não desejado, ele chega das mais diversas formas.

E é declamado em verso e prosa. E da maneira mais simples cantado: toda maneira de amor vale à pena, toda maneira de amor vale amar (Milton Nascimento)! Pois nos tornamos seres muito melhores quando amamos ou quanto mais desprendidos nos tornamos por amar. Amar dá sentido a nossa existência. Amando construímos a nossa história.

Assim, de quantos tipos de amor podemos falar? São tantos.

O amor é naturalmente incondicional, nós é que algumas vezes tentamos enquadrá-lo, cerceá-lo (leiam Beijos não são contratos – de Shakespeare que viveu no século XVI, o texto é muito longo para citar aqui, e sua profundidade está na íntegra).

Pode-se amar a natureza, os animais, os semelhantes, os iguais, os diferentes, os especiais.

É precioso, é belo demais amar.

E é tão simples. E só há um pré-requisito: para que eu saiba ser pleno em amar é preciso que antes eu saiba me amar.

Só estamos habilitados a amar plenamente quando antes nos amamos. É uma equação simples, se eu me amo é porque reconheço e valorizo quem eu sou e assim respeito o que eu sou então saberei amar nas mesmas condições, ou seja, com reconhecimento, valoração e principalmente respeito. Chamemos isso de reciprocidade, lei do retorno, de relação especular. Ou, independente de orientação ou religião, é uma lei divina.

Nascemos para ser plenos e felizes e a plenitude e a felicidade só são possíveis com amor. E o que sustenta o amor é o valor que damos ao que amamos ou a quem amamos. Expressamos isso através da atenção, do cuidado, da forma como motivamos, elogiamos, e respeitamos a quem amamos. Enfim, o tanto que evidenciamos o quanto admiramos o ser amado, seja ele namorado(a), esposa, marido, pai, mãe, filho(a), amigo, não importa.

A admiração é o pilar central do amor. É o que faz com que o amor se sustente enquanto o tempo vai passando, ao longo dos anos.

Relações onde existe admiração se destacam das demais, se diferenciam e se eternizam. São aquelas que ao olharmos parecem perfeitas, porque são perfeitas.

Quando admiramos se torna muito mais simples, mais fácil respeitarmos, cuidarmos, valorizarmos e elogiarmos. E isso se multiplica e assim como damos, recebemos. A admiração mantém juntos e unidos casais que envelhecem apaixonados. Mantém as relações afetivas parentais. A admiração que filhos têm por seus pais e pais por seus filhos conservam as famílias unidas e prósperas porque o amor é alimento para alma, para o espírito, mas também precisa ser alimentado sempre com mais amor.

Pois,
“ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, (...) nada seria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso;
o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente,
não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal;
não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba;”

Fragmentos da Carta de São Paulo aos Corintios-13, escrita no Século I e que no Século XX tornou-se popular através da música Monte Castelo que traz também recortes da poesia de Camões, adaptada e cantada por Renato Russo/Legião Urbana.


O prazer do cotidiano

Publicado no Jornal Minuano 
Carderno de Saúde -10/02/09

O que uma vida sempre igual, organizada na rotina pode ter de boa? Acordar a cada manhã no mesmo horário e ver o dia se desenrolando como se fosse um filme seguindo um roteiro, cena após cena. Tudo acontecendo de acordo com o previsto. Um dia depois do outro, de uma maneira tranqüila e monótona e igual.

A rotina do despertar, da casa, dos filhos, do trabalho. A mesmice de conciliar tudo isso e ver o dia chegar ao seu final. Adormecer e começar tudo outra vez.

Parece chato? Cansativo?

Talvez.

Tudo depende da forma que olhamos as coisas, os fatos, a vida.

Pode também parecer ou ser muito agradável.

Ter a condição e a capacidade de organizar a vida, uma vida ou ainda as vidas de uma família é algo a ser admirado, pois é necessário habilidade para administrar o tempo e o espaço em que se atua.

Desempenhar múltiplos papéis e dar conta deles com competência é parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Lidar com isso, nem sempre é tranqüilo ou simples, mas muitas vezes necessário. E sendo assim o possível a fazer é olhar para a situação, para vida, por um outro ângulo por que o valor e a importância que as coisas têm são proporcionais ao que atribuímos a elas e isso depende primordialmente de “onde”, ou “como” vemos as coisas.

Muitas vezes com o passar do tempo sentimos falta, saudades ou certa nostalgia do que ficou para trás. Inclusive daquilo que já foi desconfortável, coisas que por muito nos queixamos, reclamamos ou abominamos fazer. Outras que passavam completamente despercebidas. O que antes nem víamos ou dizíamos ruim hoje nos faz parar para pensar, reavaliar.

Saudades do trabalho com o filho pequeno (pela alegria e amor incondicional), do adolescente bagunceiro e mal humorado (na presença constante e segurança do lar), do chefe que cobrava muito (mas que valorizava o trabalho executado), de estudar, trabalhar fora, dar conta da casa (e ainda ter a maior disposição para um programa com os amigos) e quantas coisas mais...

Da chatice dos pais, da casa da infância... a lista poderia não ter fim, cada um na sua individualidade acrescentaria e cortaria alguns fragmentos relativos a sua vida.

Pense bem.

De quantas coisas reclamamos e depois que o tempo passa nos referimos à elas de maneira bem diferente.

Pode não ser simples, pode não ser fácil, mas é possível exercitar a nossa maneira de agir ou reagir às situações.

De uma maneira simples: Agimos ou Re-Agimos de acordo com a forma como percebemos os acontecimentos, fatos ou situações. Como percebemos está diretamente ligado à forma de como sentimos, que está relacionada à forma de como vemos – olhamos – para os acontecimentos, fatos ou situações e isso é único, pessoal e particular em cada sujeito.

A arte, a magia está em valorizar o presente, este momento, o lugar onde estou, aonde vivo, trabalho e buscar descobrir o que de melhor há para fazer, aonde ir, o que conhecer. Mais do que isso, observar a minha volta, às casas, praças, arquitetura. Olhar para àquilo que já me habituei a ver. Às pessoas, amigos, familiares, colegas. Tudo que hoje há aqui, onde se está. Olhar com “olhos de enxergar”! Pois pessoas vão e vem por um tempo ou para sempre. Lugares mudam, são alterados, reformados, abandonados. Nós partimos, chegamos. É a dinâmica da vida.

Eu, particularmente, hoje sinto certa nostalgia ao lembrar do Parcão, da Redenção e do Guaíba. Eles sempre estiveram lá enquanto eu lá estava, estavam no meu cotidiano. Passei incontáveis vezes por eles sem “vê-los”. Eu que os percebi e aproveitei pouco. Assim como muitas outras coisas do dia-a-dia.

Podem existir prazer e felicidade no cotidiano sim, na vida organizada, na rotina, desde que não aconteça como simples ato de repetição, executado dissociado do pensamento e do sentimento, apenas como um ato mecânico.

Tudo passa, tudo muda. Mais ou menos intensamente. Posso ser agente ou expectador das mudanças, é uma questão de escolha. E um cotidiano tranqüilo, com a vida organizada na rotina pode sim ser muito boa, se for esta à escolha.





sexta-feira, 20 de agosto de 2010

JORNAL MINUANO – CADERNO DE SAÚDE

por: Sílvia Vargas

 02/12/2008 - SAÚDE

Final de ano e stress

Estamos chegando a mais um ano novo e desconheço pessoa que não avalie o ano que está terminando. Independente da forma.
Alguém que não revise ou repense quais haviam sido suas propostas para o ano de 2008.
E então? Você também conhece? Pois é... Ano Novo... e lá vamos nós, começar tudo de novo...
PÁRA! Nada disso, sem essa de fazer ou re-fazer propostas, compromissos do tipo: em 2009 vou fazer exercícios, academia; a partir do ano novo vou começar uma dieta, perder peso; ano que vem, vou passar mais tempo com a família, com os amigos. Sem citar outras bem mais difíceis de darmos conta e que vão deixando-nos arrasados à medida que o ano vai passando e que não colocamos em prática.
O que acontece? Vira o ano, passam os primeiros dias, os próximos, as semanas, o mês, e o que eu me digo? Depois do carnaval eu começo ou quando acabarem as férias (e o tempo passa tão rápido) e como eu me sinto?
Está sim é a pergunta que vale fazer.
Como estou me sentindo agora que este ano está terminando???
E a resposta que mais escutamos: estressados.
Esta é a palavra que resume tudo para a maioria das pessoas no vocabulário moderno: stress – e resume mesmo. E não importa qual seja a condição de vida, a classe socioeconômica ou cultural. O stress atinge qualquer um. Pelo ritmo de vida que se acelera a cada ano, pelos problemas com o trabalho, com a empresa, com a família, sem falar nas perdas que por vezes sofremos. Cada um sabe, como diz à cultura popular, aonde aperta o sapato.
E por isso o Novo Ano é tão esperado e bem vindo.
No Ano Novo é como se, de uma maneira mágica, deixássemos algumas “dores” para trás e mais uma vez nos vemos falando: Este ano vai ser diferente.
Esta é a expressão mais pura e real do nosso desejo. Em quantos inícios de ano já dissemos isso? E que bom, pois o desejo move a vida.
Faço então um convite para pensarmos juntos: porque ao longo do ano tudo vai, mais uma vez, ficando igual? Por quê? Por que nós temos o que podemos chamar de um sistema de funcionamento pessoal único, porém alimentado pelo nosso meio, pela estrutura dos ambientes familiares, escolares e profissionais em que estamos inseridos, onde vivemos. Atitudes iguais levam aos mesmos resultados e mudar hábitos de uma vida não é tão simples para se fazer sozinho.
O desejo é sem dúvida o imprescindível primeiro passo para a mudança, visto que somos seres que viemos para está vida equipados emocional e intelectualmente para estarmos em constante crescimento, transformação, evolução e qualificação. O segundo passo é conseguir largar pelo caminho o “saco de culpa” que arrastamos vida afora. A culpa pelo que fizemos ou pelo que deixamos de fazer nada mais é do que um peso que atrasa nossa jornada, baixa nossa auto-estima, e nos desmobiliza a uma próxima tentativa. E, por fim, o terceiro passo: aventurar-se. O risco causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo. Aventurar-se é uma das formas de tomar consciência de si próprio, de expandir limites.
Tudo o que aconteceu em nossas vidas ao longo dos anos nos serve como experiência. Por mais que saibamos nossa história não podemos mudar o passado. Também não sabemos o que nos reserva o futuro, mas é sobre ele que temos autonomia. De certa forma, a vida é sempre “daqui para frente”. Para 2009 prometa-se apenas fazer diferente, buscar por outras formas. Olhar a vida por outros ângulos. Mudanças não necessitam de um novo ano, podem iniciar a qualquer dia, a qualquer momento, só precisam de uma decisão.




CRACK MATA – mesmo antes de levar a óbito.

Por: Sílvia Vargas
Publicado na Revista Feed Back - março 2010



Mata os sonhos, as esperanças, a alegria, o respeito, a índole e a dignidade.
Do usuário, da sua família. Mata a caridade e benevolência de quem assiste ao drama.
A dependência química, antes de se configurar crime, deve ser considerada doença e receber tratamento adequado.
Estimava-se em dezembro de 2009 (ZH, 17 dez 2009) que no RS o número de usuário já tivesse chegado há 50 mil. Certamente já passamos disso. A apreensão da droga no ano de 2009 foi de 51,5kg, ou seja 920% a mais que os 5,6Kg apreendidos em 2008 (ZH, 22 dez 2009).
O Crack é uma droga feita a partir das sobras do refino da cocaína misturada com bicarbonato de sódio geralmente fumada. É uma forma impura de cocaína e não um sub-produto. O nome deriva do verbo "to crack", que, em inglês, significa quebrar, devido aos pequenos estalidos produzidos pelos cristais (as pedras) ao serem queimados, como se quebrassem.
Chega ao sistema nervoso central em dez segundos provocando efeitos tais como euforia e hiperatividade (bem mais intensos do que no uso da cocaína, mas sem alivio da sensação de cansaço físico), depois que estes efeitos diminuem o usuário sente depressão, mal estar e freqüentemente náuseas. Devido ao fato de a área de absorção pulmonar ser grande e seu efeito durar de 3 a 10 minutos, para compensar o malestar, o sujeito sente o desejo de fumar mais crack para sentir-se bem de novo (dá-se a “fissura”), e assim o ciclo se reinicia, provocando intensa dependência.
 
Não raro, o usuário tem alucinações (visuais e auditivas) e paranóia (a popular “nóia”). Em relação ao seu preço, é uma droga mais barata que a cocaína se avaliado seu custo unitário (pedra), contudo a medida que a dependência avança e pelo tempo de efeito ser tão efêmero o usuário necessita de cada vez mais dinheiro para manutenção do uso compulsivo de várias pedras por dia.
A forma de uso do crack também favorece sua disseminação, já que basta um cachimbo, na maioria das vezes improvisado (como uma lata de alumínio furada, por exemplo) e desta forma o usuário inala, além do vapor da droga, o alumínio que se desprende com facilidade da lata aquecida e este metal se espalha pela corrente sanguínea provocando danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.
Ao mesmo tempo o uso da droga provoca lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração (e por conseqüência em altos índices de abandono escolar), oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade em manter relacionamentos afetivos. O dependente dificilmente consegue manter uma rotina de trabalho ou de estudos e passa a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços para consegui-la.
O tratamento permite reverter parte desses danos cerebrais, entretanto muitas vezes o quadro é irreversível.
A droga causa potente dependência psíquica, além da física e frequentemente leva o usuário à prática de delitos para obter a droga. Pequenos furtos de dinheiro e jóias e de objetos, sobretudo eletroeletrônicos e eletrodomésticos, de início em casa, são a forma usual de sustentar o vício. Muitos dependentes acabam vendendo tudo o que têm a disposição, ficando somente com a roupa do corpo. Mulheres e também rapazes jovens, não tem o mínimo escrúpulo em se prostituir em troca de dinheiro ou da própria droga o que lhes expõe a maiores riscos.
Embora gere menos renda para o traficante por peso de cocaína produzida, o crack, sendo mais viciante, garante um mercado cativo de consumo, no que se assemelha ao álcool, que não só apresenta um baixo custo, mas acrescenta o fácil acesso .
Muitos jovens, meninos e cada vez mais meninas, segundo a psicólogas Carla Rojas Braga (ZH, 31 jan 2010), ficam bebados em quase todas as festas de finais de semana. Jovens que se embriagam pelo menos cem vezes (e não é difícil), contados os finais de semana de “festas” dos 14 aos 16 anos foram avaliados e apresentaram pior desempenho em testes de memória e um hipocampo menor dos que não ingerem álcool.
Além do crescimento no consumo os jovens começam a beber cada vez mais cedo. Atualmente no Brasil, por volta dos 12 anos. O que isso tem a ver com o crack?
Vamos em frente: de acordo com pesquisas de universidades americanas e brasileiras, o álcool pode causar danos ao hipocampo e que o completo desenvolvimento do cérebro, mais especificamente do lóbulo frontal, só ocorre ao final da adolescência (mais de 20 anos, segundo a OMS) e que os danos às células neuronais que estão sendo mortas ou lesadas a cada bebedeira vão trazer consequências graves.
Três milhões de adolescentes contraem doenças sexualmente transmissiveis a cada ano no mundo e os números de contaminção pelo vírus HIV não param de aumentar neste grupo. Outro dado é que metade dos adultos que começam a beber antes dos 14 anos tornam-se alcoolistas e o dado mais alarmente de todos e quem vem se tornando consenso entre os profissionais da saúde é que O ÁLCOOL É, sem dúvida, A PORTA DE ENTRADA PARA OUTRAS DROGAS. É fácil, ao estar alcoolizado, experimentar qualquer droga ofertada por algum “parceiro”. O pior disso é que quando se fala de crack, para chegar a dependência basta experimentar. A bebedeira dispensa inclusive a necessidade do convencimento, principalmente na adolescência quando a vida é movida pelos desafios. Dificilmente um usuário de crack se tornará um alcoolista, mas facilmente um alcoolista pode tornar-se também usuário de crack.
De acordo com o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, coordenador da Unidade de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (Abead) o drama do Crack que afeta o país exige uma política de prevenção.
Este trabalho de prevenção depende da mobilização coletiva, de políticas públicas eficientes, de investigações científicas, mas principalmente da atuação familiar.
Depende de todos. Cada família, cada pai, cada mãe precisa estar atento a seus filhos aos amigos e colegas de seus filhos. Observar e detectar alterações de humor e de hábitos como os de alimentação, sono, rendimento escolar, mudaça no grupo de amigos, entre outros, é fundamental. Não atribua qualquer mudança ou novidade na vida ou hábitos de seus filhos como algo comum à adolescência, comum ao jovem. Ivestigue.
Peque pelo excesso, jamais pela omissão. Todo filho precisa de limites. Os limites estabelecidos e impostos pelos pais dão a noção de segurança, atenção e cuidado para os filhos. Isso é amor. Um filho não quer estar ou sentir-se “solto”. Ele quer e vai lutar por espaço sim, por liberdade – isso é saudável. E quando bem orientados vão entender que cada passo é uma conquista – e vão ter orgulho de seus feitos. Ensine a seus filhos o valor do diálogo, da camaradagem e da confiança (principalmente da confiança – não duvidem de seus filhos – investiguem antes de culpar, condenar ou cobrar) para que eles percebam que há condições e possibilidades de conversar e contar qualquer coisa em casa, qualquer abordagem ou oferta que possam ter recebido, qualquer incidente com algum colega ou amigo ou com eles. Ensine que ser amigo não é acobertar um erro, mas conversar com alguém mais experiente para buscar auxilio, solução, compreensão e colo (quando preciso). E, pricipalmente, em situações de dúvida ou de dificuldade não imagine que é só esperar que vai passar, que tudo voltará ao seu lugar, porque quase na totalidade dos casos isso não irá acontecer. Procure um profissional da saúde. Fale com um médico ou um psicólogo de sua confiança. A ação rápida nestas situações é que fará a diferença.