Ano I –nº1 – Junho de 2010
Convidada a escrever sobre o AMOR, aceitei de pronto, primeiro porque gosto de escrever, discorrer sobre sentimentos e, mesmo alertada de que teria bem pouco tempo, topei confiante de tratar-se de um tema “fácil”.
Quanta ingenuidade (ou pretensão) a minha.
Todo mundo (todo mundo mesmo – aquele “melhor amigo” de toda criança e adolescente – todo mundo vai..., todo mundo tem... todo mundo pode...) então, todo mundo sabe falar de amor. Seja no coletivo ou de experiências individuais.
Cada pessoa tem uma ou mais histórias para contar sobre o amor. Sobre o que viram ou viveram, sobre as histórias que marcaram a história e que são contadas na literatura, teatro e cinema ou ainda sobre as histórias que almejam viver.
Histórias de amor, em geral são associadas a contos de fadas onde sempre há príncipe e princesa e tudo se torna possível encerrando com um maravilhoso final feliz.
Entretanto, falar de amor é, de fato, falar de vida.
Com histórias boas ou nem tão boas assim. O amor é perfeito o ser humano, nem sempre.
Cada um de nós, ou seja, cada nova vida é fruto de uma história de amor – se ela foi uma “história feliz”, ou um conto de fadas, bem...
Isso já é outra história...
O amor é, com certeza, o mais nobre e sublime dos sentimentos, mas nem sempre é como imaginamos, como queremos ou como esperamos.
Como já cantava Djavan:
(...) O amor
Por ser amor
Invade e fim (...)
E ele invade de mansinho, aos pouquinhos, ou de repente, intenso como um vendaval, ou tão calmo como uma garoa. Não importa. Ele sempre chega, mais cedo ou mais tarde, sendo ou não desejado, ele chega das mais diversas formas.
E é declamado em verso e prosa. E da maneira mais simples cantado: toda maneira de amor vale à pena, toda maneira de amor vale amar (Milton Nascimento)! Pois nos tornamos seres muito melhores quando amamos ou quanto mais desprendidos nos tornamos por amar. Amar dá sentido a nossa existência. Amando construímos a nossa história.
Assim, de quantos tipos de amor podemos falar? São tantos.
O amor é naturalmente incondicional, nós é que algumas vezes tentamos enquadrá-lo, cerceá-lo (leiam Beijos não são contratos – de Shakespeare que viveu no século XVI, o texto é muito longo para citar aqui, e sua profundidade está na íntegra).
Pode-se amar a natureza, os animais, os semelhantes, os iguais, os diferentes, os especiais.
É precioso, é belo demais amar.
E é tão simples. E só há um pré-requisito: para que eu saiba ser pleno em amar é preciso que antes eu saiba me amar.
Só estamos habilitados a amar plenamente quando antes nos amamos. É uma equação simples, se eu me amo é porque reconheço e valorizo quem eu sou e assim respeito o que eu sou então saberei amar nas mesmas condições, ou seja, com reconhecimento, valoração e principalmente respeito. Chamemos isso de reciprocidade, lei do retorno, de relação especular. Ou, independente de orientação ou religião, é uma lei divina.
Nascemos para ser plenos e felizes e a plenitude e a felicidade só são possíveis com amor. E o que sustenta o amor é o valor que damos ao que amamos ou a quem amamos. Expressamos isso através da atenção, do cuidado, da forma como motivamos, elogiamos, e respeitamos a quem amamos. Enfim, o tanto que evidenciamos o quanto admiramos o ser amado, seja ele namorado(a), esposa, marido, pai, mãe, filho(a), amigo, não importa.
A admiração é o pilar central do amor. É o que faz com que o amor se sustente enquanto o tempo vai passando, ao longo dos anos.
Relações onde existe admiração se destacam das demais, se diferenciam e se eternizam. São aquelas que ao olharmos parecem perfeitas, porque são perfeitas.
Quando admiramos se torna muito mais simples, mais fácil respeitarmos, cuidarmos, valorizarmos e elogiarmos. E isso se multiplica e assim como damos, recebemos. A admiração mantém juntos e unidos casais que envelhecem apaixonados. Mantém as relações afetivas parentais. A admiração que filhos têm por seus pais e pais por seus filhos conservam as famílias unidas e prósperas porque o amor é alimento para alma, para o espírito, mas também precisa ser alimentado sempre com mais amor.
Pois,
“ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, (...) nada seria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso;
o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente,
não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal;
não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba;”
Fragmentos da Carta de São Paulo aos Corintios-13, escrita no Século I e que no Século XX tornou-se popular através da música Monte Castelo que traz também recortes da poesia de Camões, adaptada e cantada por Renato Russo/Legião Urbana.
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